O diretor inglês Anthony Minghella se tornou conhecido e premiado por seus filmes em super produção como o vencedor do Oscar O Paciente Inglês (que hoje em dia não provoca boas recordações) e Cold Mountain (o melhor para mim foi o amoral e chique O Talentoso Ripley). Certamente quis dar uma virada em sua carreira, fazendo uma fita pequena, pessoal da qual também escreveu o roteiro. Dá a impressão de que ele quis dar seu depoimento sobre o estado caótico e confuso da Europa neste momento, em que a invasão dos emigrantes, geralmente não oficiais, deixa seus habitantes espantados, ainda sem saber como agir. Esse estado de reconhecimento onde liberais britânicos tem que deglutir os dissabores e dores de cabeça pela ação descontrolada dos que se mudam para aquele paÃs em busca de melhor sorte. Pena que essa descoberta não tenha nada de novo (há décadas um diretor como Stephen Frears mostra os problemas com descendentes indianos e paquistaneses) e pretenda ser equilibrada, sem ofender ninguém. Ou seja, politicamente correta.
Resultado: um filme blá. Que não cheira nem fede. O herói bonitinho como sempre é Jude Law, que tem um escritório de arquitetura no bairro de King´s Cross (onde fica a estação de trem de Harry Potter mas um lugar que sofre atualmente grande renovação) até quando o lugar é roubado por um garoto bósnio de 15 anos que levou um lap top (onde estava praticamente toda sua vida). Consegue identificar a mãe dele, a batalhadora costureira Amira (feita pela francesa Juliette Binoche) e acaba se sentindo atraÃdo por ela (mas a diferença de classes e origens, se perde um pouco porque mesmo enfeada La Binoche é uma mulher sempre bela e charmosa). E forma-se o triangulo amoroso (Robin Wright Penn faz a esposa, como sempre sem deixar marcas).
Bem que a trilha musical de Yared dar um tom de paixão mas o filme resulta polido e frio demais para ter maior impacto. Causa sem dúvida de seu fracasso internacional. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 25 de maio de 2007)