Sabiam da famosa maldição do Oscar? Pois contam que aquele que ganha o premio quase sempre passa a ter fracassos de bilheteria e de critica. Como se fosse mesmo uma maldição. Também explicada pela dificuldade de encontrar projetos de nÃvel e personagens de qualidade. E equilibra-los com fitas mais comerciais. O fato é que são muitos os casos de premiados que sumiram (desde Marisa Tomei à Gwyneth Paltrow que nunca mais acertou, a outras mais antigas como Glenda Jackson e Paul Scofield, antigos vencedores que nunca emplacaram no cinema). A mais recente vitima dessa lenda é Nicole Kidman, que além de sofrer do mal de Botox (faz já há algum que perdeu qualquer expressão numa permanente cara de espanto!), agora se perde em fitas como esta A Pele (Fur) que foi enorme fracasso nos Estados Unidos e esta nos cinemas brasileiros. Mas o que ela podia esperar? Se leu o roteiro já dava para perceber que era um filme de arte arriscado, de difÃcil compreensão e com excessos de pretensões. Descrito como um retrato imaginário de uma fotografa (Diane Arbus , 1923-71)que eventualmente se matou, o filme pode servir para os fãs do gênero David Lynch. Ou seja, os que adoram não entender muita coisa.
Não faltou ousadia ao diretor Shainberg e a roteirista Erin Wilson (que já haviam feitos juntos o estranho, mas interessante Secretary) mexendo com esta figura quase lendária, Diane uma dona de casa burguesa de Manhattan, aos 35 anos, em 1958 que aos poucos foi se interessando e fotografando o bizarro, o estranho, o macabro. O filme de uma certa maneira tenta explicar isso, mostrando-a (sempre de forma estilizada e onÃrica, alias é obrigatório para diretores de arte e cenógrafos!) primeiro em sua vida normal e depois quando se sente atraÃda por barulhos no apartamento de cima e pela figura que entrevê de uma espécie de homem macaco dando ao filme um tom de Bela e A Fera (na verdade, Downey Jr fazendo um sujeito que sofre de uma doença que o deixa inteiramente coberto de pelos). Que deixa de cuidar dos outros e passa a buscar suas neuroses e preocupações. Sua veia artÃstica.
Depois de um discutÃvel prólogo onde Diane vai fotografar nudistas, volta-se para três meses antes quando ela começa a se rebelar contra o marido um fotografo profissional. Feita a trajetória na descida (ou subida no caso) aos infernos, o filme poderia pelo menos ter indicado o fim trágico da heroÃna. Acaba resultando num exercÃcio sem duvida curioso, visualmente esquisito. Se por um lado é bom se pensar, como o cinema ainda se permite dar ao luxo de produzir fitas anti comerciais e ousadas como esta, é bom avisar porém que é para poucos. E Nicole (de cabelo castanho) devia ter desconfiado que era um papel fraco, onde ela mais reage do que faz. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 17 de março de 2007)