Crítica sobre o filme "Homem-Aranha 3":

Rubens Ewald Filho
Homem-Aranha 3 Por Rubens Ewald Filho
| Data: 28/09/2007

AUma má noticia para os fãs: o terceiro episódio é o pior. Nada desastroso, mas tem menos ação, excesso de personagens e resulta cansativo e difícil de seguir. Dá mesmo chance para a gente ficar duvidando do acerto da escolha de Tobey Maguire, que se torna infantil e tolo demais quando tem que fazer o personagem como nerd. E não convence nada quando passa por bad boy (uma cena em que tem que dançar é calamitosa, a pior do filme). Também Kirsten Dunst demonstra suas limitações: sempre com a mesma expressão, sem nuances. Sem vida. Mas pelo jeito se a série continuar ela não deve estar presente.

O problema básico é simples: há excesso de vilões e não dá tempo para desenvolver e resolver todas as tramas. Estranhamente Raimi optou por começar o filme com um numero musical com Mary Jane (agora que me toquei que o nome dela lembra Marijuana Maconha) estreando na Broadway com voz muito fraca, interpretando a bela They say that Falling in Love it´s Wonderful de Irving Berlin (haverá outras canções famosas durante o filme, uma novidade). Depois leva quase vinte minutos expondo a trama e os personagens, até finalmente ter alguma ação. Segundo o roteiro, Peter Parker deixa o sucesso subir a cabeça, quando recebe as chaves da cidade de Nova York provocando ciúmes de Mary (que ele nem se tocou mas foi despedida do show que fazia). Então temos as seguintes tramas para resolver: 1) Eddie Brock é um fotografo mau caráter que deseja o emprego de Peter e acaba se tornando o vilão Venom. Topher Grace de The 70´s Show o interpreta; 2) Peter descobre que o assassino de seu tio é outra pessoa e que ele fugiu da prisão. Seria até um sujeito razoável, confuso e preocupado com a filha mas tem o azar de ser vitima de algum tipo de radiação e se torna o poderoso Homem de Areia. Thomas Haden Church de Sideways é o ator; 3) James Franco, que por momentos fica parecendo James Dean, retorna para se vingar de Peter achando que foi ele quem matou o pai, o Goblin. Perde a memória mas a retoma para continuar enfrentando o super - ocupado herói; 4) Finalmente vem num meteorito do espaço uma substância negra que faz despertar o lado negro das pessoas. Em certo momento toma conta de Peter, que acaba virando um sujeito obcecado pela vingança. (Embora particularmente o tenha achado bem mais interessante como bad boy do que como nerd, com jeito de deficiente mental). Essa gosma em certo momento também tomará uma forma.

Ou seja, é historia demais não dando tempo para grandes cenas de ação. E quando elas acontecem ficam com jeitão de vídeo game. Há ainda uma garota loira bom caráter (a talentosa Bryce, filha de Ron Howard) que o Homem Aranha salva de um desastre (e a cena mais elaborada do filme, já que o final é redundante). Conselhos com a tia, dificuldades com o dono do prédio, intrigas no jornal. Tudo isso servindo para perder o foco e tornar o filme um pouco difuso. Somente os fãs irão reconhecer Bruce Campbell, o ator amigo do diretor que trabalha com ele desde o começo com Evil Dead e que aqui se diverte fazendo muito bem o maitre francês de um restaurante. Stan Lee, o criador do personagem aparece com diálogo falando com Peter no centro da Broadway.
(Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 04 de maio de 2007)