Crítica sobre o filme "Estranha Perfeita, A":

Rubens Ewald Filho
Estranha Perfeita, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/09/2007

Há um erro na tradução do titulo. Em inglês, Perfect Stranger quer dizer totalmente, inteiramente desconhecido. Ou seja, ninguém é perfeito ou estranho. É capaz de ter sido por um gerente americano que nos confundiu mais uma vez com os latinos. Enfim, não faz grande diferença porque os defeitos do filme não ficam mais ou menos evidentes.

A mim começa incomodando já na primeira seqüência quando ela visita um congressista americano e no fundo faz chantagem, dizendo que vai publicar uma matéria onde vai acusá-lo de ser gay como se isso fosse um assunto pertinente. E por que um gay não poderia ser governador? E depois ela ainda se espanta quando a matéria não é publicada. Fica revoltada e se empenha noutro projeto furado que é a vingança de uma colega de infância, que lhe havia procurado acusando um dono de agencia de publicidade que a teria seduzido pela internet. Quando esta aparece morta, acha que o ele é o culpado (Bruce Willis interpreta o papel com seu eterno beicinho... É incrível como ele passa o filme inteiro com uma única expressão multiuso. Que cara de pau!). Não ajuda muito também Giovanni Ribisi, que faz o amigo e cúmplice (ele é o tipo do ator que eu detesto, composto, exagerado, nada humano, tudo que faz é falso, premeditado). Enfim, este é um dos daqueles filmes de suspense feito com certa qualidade de produção (locações em Nova York, em lugares da moda, boates e restaurantes, direção de arte sofisticada). Mas com um roteiro totalmente absurdo e ridículo, construído em cima de mais que clichês, pré-conceitos. Como toda vitima de abuso sexual vai se revelar um maluco perigoso, que todo nerd hacker, outra ficção de cinema, é um maníaco sexual.

Não é a toa que toda a critica americana foi negativa, criticando Halle Berry por seu péssimo gosto na escolha de papéis principalmente depois de ter ganho o Oscar. No caso, ela continua bonita (principalmente quando maquiada) e eficiente mas o filme tem um final inacreditável (na verdade, dois porque ainda por cima insiste numa revelação surpresa no ultimo instante). É só parar para pensar um pouquinho que não fará sentido. Pena não poder mais entrar em detalhe. Mas não dá para recomendar o filme que se promove como tendo sido o primeiro que foi rodado no Ponto Zero onde existia antes o World Trade Center. Espere pelo DVD porque haverá dois finais alternativos com dois outros personagens como criminosos.

Um detalhe importante: a boa trilha musical é assinada por Antonio Pinto, que é brasileiro e filho do querido Ziraldo, irmão da cenografa e diretora Daniela Thomas e da diretora de Cinema Fabrizia Alves Pinto. Ele é famoso pela trilha de Cidade de Deus e Nina, além de O Primeiro Dia e Um Copo de Cólera (ambas indicadas a prêmios). (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 20 de abril de 2007)