Crítica sobre o filme "Trair e Coçar É Só Começar":

Rubens Ewald Filho
Trair e Coçar É Só Começar Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/08/2007

A comédia brasileira Trair e Coçar é Só Começar, de Marcos Caruso é um clássico do gênero, até porque esta em cartaz há vinte anos ininterruptos. No palco, ela é realmente divertida, por vezes hilariante com um grande personagem de empregada que deu chances a varias atrizes (entre elas, Denise Fraga que deveria ter feito o papel central, a verdade é que fica difícil imaginar outra em seu lugar). Em seu lugar colocaram uma figura inesperada, Adriana Esteves (que não é conhecida por seu humor e esta prematuramente envelhecida). A verdade é até que ela não se sai mal, segura a barra. O problema é mesmo com o filme que é tecnicamente deficiente. Mal enquadrado, com fotografia feia, parece feito às pressas e não faz jus ao texto. Até porque este tipo de teatro meio vaudeville, que depende do tempo de portas se abrindo e fechando, equívocos e confusões, é muito difícil de transpor para a tela grande.

E o resultado é mediano, mesmo que seja ainda melhor assisti-lo de novo no palco.

A protagonista Olímpia que é uma empregada doméstica é uma figura complicada em cena porque ao mesmo tempo que pode ser comprada por qualquer 50 reais, também gosta de seus patrões e tenta ajudá-los. Quando esta preparando uma festa- jantar surpresa, as coisas vão se complicando numa sucessão de equívocos temperados com romance (Olímpia é apaixonada pelo zelador, Ailton , um ator que acerta em tudo que tem feito. E ganha mesmo cenas de sonho e musica brega de tema). Para complicar, há suspeitas de infidelidade da mulher de um amigo e do próprio patrão (Cássio). E ainda um vizinho que esta apaixonado pela patroa dela (e ao descobrir isso a esposa deste o abandona levando todos os móveis). É verdade que esse tipo de comédia é mais fácil de fazer em palco já que você pode exagerar, provocar a platéia e até mesmo cair na chanchada. E ainda sair ileso.

A tela grande exige mais sutileza, mas também alguma arte, num set melhor concebido e fotografado (como sempre acontece atualmente se abusa de closes).

O fato é que o filme não chega a ser o desastre temido e chega a ser moderadamente engraçado. Mas só para quem não viu a montagem teatral. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 06 de setembro de 2006)