Nada tenho contra ver Jim Carrey em papéis dramáticos. Ao contrário, já o elogiei antes em O Mundo de Andy e o recente Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Mas ele errou feio aqui, neste suspense que tem um roteiro ruim (do até agora inédito Femley Phillips) e uma direção medíocre de Joel Schumacher (dos famigerados Batmans).
Para começar Jim deixou-se ficar muito envelhecido, caído, feio, sem nenhum brilho. Querendo levar o personagem a sério. Mas nada colabora com ele.
A historia é mais uma variante na ilustração de uma mente que vai mergulhando cada vez mais na loucura, por alguma razão que vamos descobrir apenas no final. Jim faz Walter Sparrow que trabalha como motorista e tem mulher e filho pré-adolescente. Tudo vai bem até quando eles encontram um livro num sebo que gira em torno de uma mítica do numero vinte e três. Aos poucos o herói fica obcecado com isso, caminhando para a demência e desenvolvendo instintos assassinos. Mais não dá para contar. Basta dizer que depois de chegar a extremos com mortes e peripécias macabras, tudo se resolve com um ridículo e risível final feliz. De não agüentar.
Isso acaba tornando todo o exercício trivial e tolo, mais uma historia de paranóia mal solucionada. Para se evitar. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 30 de março de 2007)