Crítica sobre o filme "Sonhos e Desejos":

Rubens Ewald Filho
Sonhos e Desejos Por Rubens Ewald Filho
| Data: 04/05/2007

Foi Fábio Barreto quem produziu para seu assistente habitual Marcelo Santiago, esta adaptação de orçamento baixo do livro Balé da Utopia, de Ãlvaro Caldas.

A ação se passa em Belo Horizonte no começo dos anos 70 (não entendi bem a origem dos personagens porque como em novela da Globo todos falam em carioquês), quando uma estudante (Mel) apaixonada pelo seu professor a quem chama de Urso (Felipe que de urso não tem nada) pede para entrar na luta armada. Depois de uma missão (parece que roubar revolveres), a garota vai para um pequeno apartamento (feito em estúdio e onde se passa a maior parte da ação) onde tem que cuidar de um companheiro que feriu a mão (Marone). Não sei como ele conseguiu nessa confusão toda ter á mão desenhos de Nijinsky, que é seu ídolo e a quem imita numa cena (com a ajuda de um dublê). Para não ser reconhecido, Marone usa uma mascara (mas daquelas coisas de cinema, a mascara não esconde nada, deixando os olhos, a boca e o queixo à mostra. Ou seja, credibilidade nenhuma!).

Naturalmente o casal acaba se envolvendo e transando para desgosto do urso. Quanto à mocinha tudo bem, porque ela demonstrou antes que é louca e irresponsável saindo pelas ruas pixando muros e dando tiros em policial. Mas o bailarino se apaixonar por ela, francamente não dá para acreditar! Para complicar as coisas tem ainda um português meio louco feito por Ricardo Pereira. As cenas de sexo são banais, a recriação da guerrilha ingênua, o elenco esforçado (Mel foi melhor atriz em Gramado certamente por falta de alternativas), mas a historia simplesmente não convence. E o filme se perde num meio termo inofensivo. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 28 de novembro de 2006)