Gravado no Theatro Municipal (lotado) no Rio de Janeiro, esse show é histórico por várias razões: Beth neste show foi a primeira artista popular a apresentar um espetáculo integralmente dedicado ao samba, neste templo da música erudita; a cantora comemorava seus 40 anos de carreira e 60 anos de idade; o espetáculo apresentado reuniu tantos sucessos e tantos nomes importantes do samba que com certeza vai ser eternamente lembrado.
O palco está bonito com uma boa produção. Beth continua com uma excelente voz, com um tom grave e bastante suave. Ela é acompanhada de uma ótima banda comandada pelo maestro Ivan Paulo. A filmagem não é das melhores, com várias cenas em que o enquadramento é ajustado enquanto estava filmando.
O show foi dividido em vários blocos. O primeiro chamado de Ancestralidade, trouxe o grupo Jongo da Serrinha para cantar "Vapor da Paraíba" no ritmo de samba de raiz. O segundo bloco foi chamado de O Samba Oprimido e começa com depoimentos bem antigos de gente famosa, entre eles Pixinguinha e Monarco, que falam de como os sambistas eram tratados como criminosos no passado. Este bloco teve duas músicas, "Delegado Chico Palha" e "Tempos Idos" que falam das repressões sofridas pelos sambistas antigamente e quem cantou foi o Quinteto em Preto e Branco. No bloco Apoteose finalmente a cantora entra no palco iniciando com as ótimas "Nas Veias do Brasil" e "Apoteose ao Samba"; em seguida ela convida Vó Maria, viúva de Donga para cantar "Pelo Telefone" que foi o primeiro samba gravado, sendo Donga um dos compositores; Beth ainda canta a ótima "Se Você Jurar" e "Linguagem do Morro". Na sequência a cantora chama ao palco Darcy da Mangueira, Ary do Cavaco, Nelson Sargento e Monarco para um bate papo e para cantarem trechos de sucessos de autoria deles, todos clássicos do samba: "O Mundo Encantado de Monteiro Lobato" e "Samba do Trabalhador" com Darcy da Mangueira; "Lapa em 3 Tempos", "Reunião de Bacana" e "Mordomia" com Ary do Cavaco; "Cântico à Natureza" e "Agoniza Mas Não Morre" com Nelson Sargento; e por fim "Vai Vadiar" e "Coração em Desalinho" com Monarco. O quarto bloco foi chamado Samba do Subúrbio, e começou com a excelente "Folhas Secas", composição de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, este último presente na platéia e que teve a música dedicada a ele (Guilherme de Brito faleceu pouco tempo depois); depois teve Diogo Nogueira, que homenageou o pai João Nogueira, cantando "O Poder da Criação", música de autoria do pai. O bloco Negritude teve uma convidada muito especial, D. Ivone Lara que cantou uma composição sua, "Acreditar" que fala dos direitos dos negros nos Anos 70. No Bloco Pagode no Municipal, a cantora traz grandes sucessos acompanhada de Luiz Carlos da Vila, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, Sombrinha e Almir Guineto (compositores da maioria das músicas do bloco), que começam em pé e depois sentam em mesinhas como em uma boa roda de pagode. A primeira música é a ótima "Samba no Quintal", seguida por "Doce Refúgio", "O Show Tem que Continuar", "Só pra Contrariar", "Não Quero Saber Mais Dela", a linda "Conselho", "Quem é Ela", "Camarão que Dorme a Onda Leva", "São José de Madureira", "Iaiá", "Bagaço da Laranja", e finalizando muito bem, "Coisa de Pele", sucesso de Jorge Aragão que teve a presença de Bira, presidente do Fundo de Quintal que entrega um buquê que flores para Beth antes de ela cantar a música. O Bloco Samba do Asfalto tem a clássica de Chico Burque, "O Meu Guri" na interpretação sempre brilhante da cantora que arranca palmas entusiasmadas do público enquanto canta. O Último bloco é Samba na Avenida, onde a cantora traz ao palco a bateria, mestre-sala e porta-bandeira da sua escola de samba, a Mangueira. Ela canta "Exaltação à Mangueira" e dois de seus sucessos inesquecíveis "Coisinha do Pai" com a participação da filha Luana Carvalho e por fim "Vou Festejar".