Crítica sobre o filme "Pantera Cor-de-Rosa, A":

Rubens Ewald Filho
Pantera Cor-de-Rosa, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/01/2007

Menos ruim do que se temia, menos engraçada do que o trailer fazia supor, esta produção MGM (O filme foi rodado em maio de 2004) teve seu lançamento foi adiado porque o estúdio foi vendido para a Sony (mas sai no Brasil nos cinemas pela Fox por causa de contrato antigo ainda valendo). Esta não é a primeira tentativa de se ressuscitar o Inspetor Clouseau e a franquia da Pantera Cor de Rosa. Houve uma primeira quando Peter Sellers teve uma de suas crises (Alan Arkin o substituiu mediocremente) e depois de sua morte, o próprio criador Blake Edwards tentou a sorte com Ted Wass e Roberto Begnini, dois desastres completos.

Agora Blake esta fora do projeto, mas continuaram com a música tema inesquecível de Henry Mancini e a figura da Panterinha nos letreiros (saudosa mas nada brilhante desta vez). E o diretor (que é metido e assina como um filme de...como se alguém lembrasse que é essa tal de Shawn Levy que cometeu aqueles fraquíssimos Doze é Demais I e II com o mesmo Steve Martin além de O Grande Mentiroso e antigamente o Feita por Encomenda com Whoopi Goldberg. Ou seja não é propriamente uma carreira gloriosa).

Enfim, o filme tem seus momentos exclusivamente por causa da presença de Steve Martin, que usa um bigodinho meio Hitler e usa um método de rir totalmente oposto ao de Sellers (que era espontâneo e inventivo enquanto em Steve tudo é cerebral, foi planejado meticulosamente antes, é de fora para dentro. Ainda assim ele erra em gags com freqüência).

A história é meio boba. Kevin Kline (muito bom) assume o papel do Chefe de policia de Paris Dreyfus que ansioso por ganhar uma Medalha de honra escolhe o policial mais incompetente da França para resolver o caso de um treinador de futebol que foi morto em pleno campo de futebol quando usava um anel com o diamante Pantera Cor de Rosa (o fato dessa morte ter sido gravada em tape certamente, não é utilizada na história que se esquece disso). Assim chamou do interior Clouseau e o filme custa um pouco a engrenar, repetindo piadas (ele procurando espiões atrás de cortinas, derrubando um globo de mapa, neste caso a utilização de piadas visuais funciona até certo ponto. Mas novamente se esquecem do globo que poderia render mais situações).

O problema realmente é constatar que o mundo piorou tanto nesses últimos tempos (e a comédia junto) que a novidade é quando Clouseau vai para dentro de um estúdio de gravação para soltar gases e tudo é ouvido pela sala inteira. Flatulência como humor realmente é apelação! Que continua depois quando ele perde uma pílula para Sexo que caiu dentro da privada (e assim ele destrói todo o banheiro de hotel!).

Nem tudo é mal sucedido. Tem uma seqüência divertida em que Clouseau tenta em vão perder seu terrível sotaque falando a palavra Hambúrguer. Tem uma seqüência divertida em que aparece o James Bond (vivido e não creditado por Clive Owen, que parecia ser o escolhido para o personagem - o critico do New York Times em incrível gafe disse que este era Daniel Craig, o novo 007!) Nada a ver. Mas isso não atrapalha o resultado da seqüência.

Também não sei se é boa idéia mostrar que Clouseau não é tão bobo quanto parece ao final (a identidade do criminoso é novamente fácil de descobrir).

De qualquer forma, o filme se defende e como o publico quer e precisa rir, acho que teremos continuação pela frente.

Espero que desta vez corrigindo e aparando as arestas. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 14 de fevereiro de 2006)