Crítica sobre o filme "Igualdade é Branca, A":

Eron Duarte Fagundes
Igualdade é Branca, A Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 20/10/2006

À sombra de A dupla vida de Verônica (1991), um dos mais belos filmes da década de 90, o cineasta polonês Krysztof Kieslowski, em seu segundo trabalho da trilogia das cores, A igualdade é branca (1993), envereda pela dupla nacionalidade dos poloneses fascinados pelo universo francês. Como o próprio diretor, Kieslowski.

Menos abstrato que seus demais filmes, não tão surdo e sutil em suas elaborações visuais requintadas, o novo Kieslowski parece mais fácil de acompanhar em seu tema, porém não tão sedutor. Adicionando aos rasgos trágicos travos de humor negro na linha de Roman Polansky e Luis Buñuel, permeando seu habitual lirismo espiritual com um cotidiano mais terra-a-terra, o realizador mostra o estranho fim de um relacionamento, em Paris, entre um cabeleireiro polonês e uma bela francesa. Impotente sexualmente, ele é processado por ela e obrigado a voltar a Varsóvia. Renascido das cinzas ao pisar na pátria, ele se recupera financeira e sexualmente. E simula sua morte para amar e ser amado pela mulher, e arranjar-lhe uma complicação policial.

Um belo filme, original e atraente como só um polonês sensível e inteligente seria capaz de dar ao espectador. (Texto de 1994)