 Por Eron Duarte Fagundes
                            
                              
    	
    
    
    
    
    
  
                            
                                Por Eron Duarte Fagundes                            
                         
                        
                        
                         |  Data: 20/10/2006 
                        
                        					  
                            O cineasta polonês Krysztof Kieslowski tem devolvido ao público o gosto por um cinema raro, feito de muito rigor estético e outro tanto de poder espiritual. Um dos mais originais criadores cinematográficos em atividade na última década do século XX, Kieslowski voltou a  surpreender ao aproximar o cinema da pureza duma nota musical em A liberdade é azul (1993). E o faz valendo-se de elementos intensamente pictóricos, de denso conteúdo plástico: o azul do lustre da casa da protagonista, o mesmo azul preenchendo as imagens das águas da piscina onde a protagonista pratica natação, a beleza da marcação dos quadros e da montagem. Em vários momentos, e nas seqüências finais especialmente, a fusão faixa sonora-faixa visual atinge momentos de inesperada musicalidade. A grandeza de A liberdade é azul reside neste achado. 
O pretexto temático da narrativa de Kieslowski não é inteiramente novo. Uma mulher, após a morte de seu marido músico e de sua pequena filha num acidente de carro, vaga entre pessoas de suas relações para descobrir que seu esposo teve uma amante. Em A vingança de uma mulher (1989) o francês Jacques Doillon mostrava a disputa pós-morte entre a amante e a esposa. Só que Kieslowski torna o drama mais lento, interiorizado e surdo; e certamente mais secreto em suas inquietações. 
Preciso e desorientador em cada uma de suas colocações, A liberdade é azul retoma o filão sombrio da escritura cinematográfica de Kieslowski, depois do sopro de sol que foi o maravilhoso  dupla vida de Verônica . (Eron Fagundes em 1994)