Crítica sobre o filme "Abraço Partido, O":

Rubens Ewald Filho
Abraço Partido, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/09/2006

Este é um bom momento para ir ao cinema quando começam a estrear as revelações da Mostra Internacional BR. Como este filme argentino (e insira aqui aquele velho chavão sobre a qualidade do cinema local que já estamos cansados de saber), do mesmo diretor e ator de Esperando Messias, sucesso recente e que com esta fita ganhou no último Festival de Berlim tanto o Prêmio do Júri quando o de melhor ator (e me parece um forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro, muito mais que o nosso Olga).

É comum ao final da sessão encontrar pessoas chorando em particular da colônia judaico-polonesa, não que o filme seja particularmente triste. Mas por causa da ternura, da delicadeza e humor com que o filme trata de um assunto aparentemente banal: relacionamento pai e filho. Sem duvida, a fita não existiria sem o peculiar charme e carisma de Daniel Hendler (que é uruguaio), que faz o protagonista Ariel que trabalha com sua mãe numa Galeria de Buenos Aires, onde eles tem uma lojinha de roupas de baixo femininas. Sua vida é banal: tem um casinho com a vizinha que cuida da loja de Internet, ajuda o irmão que é meio contrabandista, uma ex-namorada que largou porque o sonho é conseguir o passaporte polonês e emigrar para a Europa.

Na verdade, ele nunca se conformou com a ausência do pai que agora mora em Israel e o deixou ainda pequenino.

E por isso o filme é principalmente sobre o perdão, a reconciliação, assumir suas origens até então descuidadas.

Feito obviamente com poucos recursos, isso nem se percebe pela a qualidade humana dos personagens e do elenco. Que não precisam falar em Holocausto para nos enternecer. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 08 de novembro de 2004)