Crítica sobre o filme "Sra. Henderson Apresenta":

Rubens Ewald Filho
Sra. Henderson Apresenta Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/07/2006

Não há dúvida que o britânico Stephen Frears, é um dos cineastas mais interessantes do momento (na verdade, mantém esta posição há muitos anos, desde o sucesso de “Minha Adorável Lavanderia†(1985), que era parecido com o atual “Brokeback Mountain†e que causou igual furor, mas apenas no circuito de arte).Desde então ele se confirmou com filmes como “Ligações Perigosasâ€, “Os Imoraisâ€, “A Vanâ€, “Liamâ€, “Alta Fidelidade†etc.).

Este seu trabalho mais recente, rendeu nova  e merecida indicação ao Oscar à Dame Judi Dench - e também de figurino, para a experiente Sandy Powell. O jeito, é ver este filme como uma diversão, um entreato em seus trabalhos mais engajados e sociais. Ele deve sempre ter tido vontade de realizar um musical, e aqui encontrou o jeito, contando uma história real, de uma rica viúva inglesa Mrs. Henderson que, quando o marido lhe deixa um velho teatro no Soho de Londres, resolve se divertir e financiar um empresário (Hoskins) numa série de shows de teatro revista.  E quando o negócio vai mal, usando de sua influência, consegue liberar no palco, o chamado “nu artístico†(garotas nuas, desde que, sem se mexerem), o que teria grande repercussão no gênero. Com muito bom gosto, produção refinada, elenco sempre competente e alguns números musicais (sempre num palco, por isso não se tem a impressão de estar assistindo a um musical), o filme é sempre impecável.

O personagem de Judi, conforme retratado no filme é uma mulher infeliz, que nunca se conformou com a morte do filho na Primeira Guerra Mundial (e com freqüência visita de avião seu tumulo na França), e que acaba tendo uma paixonite pelo empresário judeu e casado. O clímax é quando vem a Guerra e o teatro, que funcionava 24 horas, segue aberto, inclusive durante os bombardeios. Há algumas tramas paralelas, a maior delas é a de uma garota corista - que o filme faz questão de dizer que eram boas moças -, que se apaixona por soldado e fica grávida, causando confusões e motivo para certo melodrama. Não é a melhor das tramas, mas o filme suporta esses entraves.

Não consigo deixar de simpatizar com um filme desses, que faz o elogio do show (que não pode parar) e de uma deliciosa, e excêntrica Mecenas. Judi naturalmente, é aquela figura cheia de classe e elegância. Não deve ganhou o Oscar, porque devem achar que ela faz o de sempre.

O filme é muito bonito, atraente, bom de ver.

Uma curiosidade: a história desse teatro já havia sido contada em “No Coração de uma Cidade†(“Tonight and Everynight†- 1945) com Rita Hayworth que naturalmente omitia tanto a história dos nus artísticos quanto da Sra. Henderson, mas também contava a história de uma corista infeliz que namora um soldado. (Rubens Ewald Filho na ulona Clássicos de 14 de março de 2006)