Crítica sobre o filme "Johnny e June - Versão para Locação":

Rubens Ewald Filho
Johnny e June - Versão para Locação Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/06/2006

Foi chamado de “o Ray deste anoâ€, o que não é bom prognóstico já que, a biografia de Ray Charles, um astro também no Brasil, foi fracasso em nossos cinemas. Também não se pode esperar muito deste filme, que conta a vida do cantor country Johnny Cash (1903-2003), e sua segunda esposa June Carter Carsh (1929-2003). Uma história de amor tão profundo.

Foi June que ajudou o cantor a largar o vício em drogas, e ele morreu em conseqüência da diabete, apenas alguns meses depois que ela faleceu vítima de complicações causadas por uma operação no coração. Os românticos dirão que Cash, não conseguiu continuar vivendo sem sua companheira.

Só que este fato não está no filme que, se fixa mais na juventude do casal, e no romance que enfrenta problemas porque ele já tinha uma primeira esposa (aliás, as filhas mais velhas dele, reclamaram do fato de que mãe foi mostrada como uma megera na fita, que não gostava de sua carreira - o que não era fato real mas, licença dramática).

Como poucos conhecem Cash no Brasil (mesmo eu lembro dele naquele faroeste com Kirk Douglas chamado O Duelo que o SBT passou durante meses seguidos) e de alguns telefilmes lançados em Vídeo. O filme também não é fiel a sua imagem (ele era conhecido como O Homem de Negro, porque se vestia sempre dessa cor e era um homem alto, de 1m88, bem diferente de quem o interpreta Joaquim Phoenix que, além ser mais baixo, tem defeitos físicos. Ou seja, o lábio leporino - ele nega a evidência dizendo que foi acidente) e o braço/ombro torto, dos quais fica difícil nos abstrair-mos, já que se trata de uma biografia).

Muito se falou também, do fato de que a dupla Reese e Phoenix, canta com sua própria voz (em vez de dublarem o original), o que faz louvar sua versatilidade mas, não necessariamente sai acurado. Realizado por James Mangold (que fez Copland; Garota Interrompida; Kate & Leopold; Identidade) a fita é correta mas também banal, mostrando a ascensão de Johnny, seu casamento, o encontro com June, os problemas com drogas e finalmente o romance florescendo (ela também se divorciou nesse meio tempo, o que é passado por cima). Até finalmente a felicidade (sempre entremeado de sucessos country, que a gente conhece meio de passagem).

Embora Reese seja a favorita absoluta para o Oscar® (foi também indicado como figurino, montagem, som, ator), sua interpretação não é excepcional. Reese - e seu queixo-de-cotovelo -, tem talento e já fez coisas boas, mas o papel é rotina, e o Oscar® deverá ser mais por sua simpatia e prestigio, como uma das poucas atrizes de sua geração, que viraram estrelas (além disso, este ano foi fraco para papéis femininos, se houvesse justiça quem deveria ganhar era Felicity Huffman por Transamérica). (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 26 de fevereiro de 2006)