Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 04/06/2006
O diretor inglês que fez carreira nos Estados Unidos Irving Rapper não está catalogado entre os diretores fundamentais da história do cinema. Todavia, seu Arenas sangrentas (The brave one; 1956) chega a surpreender quem esperava uma narrativa mofada e muito envelhecida; sem se libertar das amarras acadêmicas de linguagem, o filme nada tem das peças teatrais em que geralmente enquadram o cinema de Rapper: solta e descontraÃda desde seu inÃcio agro-pastoril, a pelÃcula vai ter com dignidade a seu ponto de tensão habilmente conduzido no enfrentamento final da praça de touros, na Cidade do México.
A fotografia do inglês Jack Cardiff é primorosa, assim como o desempenho que Rapper extrai do garoto Michael Ray, muito longe do estrelismo pedante de certos atores mirins de hoje e mais próximo duma veracidade de história vista pelos olhos duma criança, algo que o cinema tem perseguido de Os brutos também amam (1953), do americano George Stevens, a Cria cuervos (1976), do espanhol Carlos Saura. Sem a capacidade autoral de Stevens ou Saura, Rapper roda todavia uma comovente história das relações entre um garoto mexicano e seu touro de estimação atirado às “feras†da arena.
O exotismo da visão mexicana de Rapper não deixa de ser colonialista, mas é um curioso ingrediente de linguagem cinematográfica passeando pelo universo asteca. (Eron Fagundes)