Mesmo contando com atores interessantes e de fácil capacidade de erotizar Mickey Rourke e Kim Bassinger tem aquele mistério interpretativo que foge um pouco às obviedades de Hollywood -, Adrian Lyne põe a perder sua realização Nove e meia semanas de amor (9 ½ Weeks; 1985). Diretor que cultua o lado mais superficial da linguagem publicitária, com aquele colorido fugaz e aqueles planos de propaganda (faça sexo, invente, que isto é bom), Lyne nunca logrou fazer um filme de fato consistente. Além disto, sua visão moralista sempre vence no fim de suas narrativas.
À maneira da obra-prima O último tango em Paris (1972), do italiano Bernardo Bertolucci, Nove e meia semanas de amor busca captar a tensão erótica que se passa entre um homem e uma mulher que se isolam do mundo em seus encontros. A barra acaba pesando, depois de tantas excentricidades propostas pelo parceiro, e a mulher foge da relação (no filme de Bertolucci ela mata o homem); Lyne está muito longe da dimensão trágica de Bertolucci e de sua inigualável profundidade existencial.
Lento, vazio, Nove e meia semanas de amor está envelhecendo rapidamente. E sua incapacidade erótica logo o tornará impotente para as platéias atuais. (por Eron Fagundes)