Crítica sobre o filme "Dança Comigo?":

Rubens Ewald Filho
Dança Comigo? Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/09/2005
Fez fazendo bastante sucesso no Brasil, este drama romântico, talvez porque aqui Richard Gere seja um campeão de bilheteria. Mas principalmente porque quase ninguém viu o original japonês de 97. Qualquer comparação é triste. Não apenas o primeiro era melhor, como mais humano, sincero e contextualizado. A repressiva sociedade japonesa serve muito melhor para explicar como o herói se soltaria dançando numa aula de dança de salão. Também o personagem da esposa não era tão desenvolvido (nem puseram uma estrela premiada como Susan Sarandon, que por sinal esta dando novo significado e vida para as mulheres de 50, provando que elas ainda podem ser sexy e atraentes). O pior mesmo para mim é o absurdo de se fazer um filme com Gere e Jennifer Lopez e não desenvolver um romance entre eles, deixando tudo reduzido a uma mera dança (e por sinal não especialmente boa). Também produzido pela Miramax, o filme começa seguindo o japonês (que saiu também por eles e se chamou também Dança comigo?) com o herói tomando um metrô (ou trem) e olhando a figura da moça (Jennifer ) na janela do curso de dança. Escolheram por isso Chicago que era a única cidade que tinha um trem urbano assim mas o personagem ficou com filhos mais velhos (que aparecem e somem) e com uma presença muito forte da esposa, que pouco acrescenta ao filme.

A maior modificação foi com a trilha musical que incorporou justamente a canção Shall We Dance (titulo americano do filme japonês) de Rodgers e Hammerstein, que foi escrita para o musical O Rei e Eu (e é um dos momentos mais marcantes do filme quando finalmente Yul Brynner sai dançando a polka com Deborah Kerr) e aparece aqui em diferentes versões. Também se mostra o universo dos concursos de danças de salão, mas de forma caricata, lembrando o pioneiro no assunto, o australiano Strictly Ballroom (no Brasil, Vem Dançar comigo). Ou seja, o filme dirigido pelo fraco Peter Chelson (Escrito nas Estrelas / Serendipity / Ricos, Bonitos e Infiéis) porém é fácil de ver, graças a um elenco divertido: tem os três colegas de classe (um deles aquele que vira gay, acho particularmente talentoso, Bobby Cannavale, de O Agente da Estação), a dona do lugar (feita pela veterana atriz da Broadway, Anita Gilette), o colega de escritório enrustido (um papel ingrato para Stanley Tucci), e um papel muito bom, o da veterana Bobbie desperdiçado numa fraca atriz chamada Lisa Ann Walter. Gere continua inexpressivo só que mais velho. Jennifer tem muito pouco a fazer mas é uma figura interessante (claro que exploram seu traseiro, o que ela tem de mais notável) e Sarandon joga o charme.

Custou 40 milhões de dólares, rendeu 57 nos EUA, não é fracasso. E foi abraçado pelo publico feminino, portanto terá longa carreira ainda em Home Vídeo. (Rubens Ewald Filho na coluna Cinemania em 27/12/2004)