O trailer é muito intrigante, dá vontade de assistir o filme. Mas que coisa estranha fizeram no rosto de Nicole Kidman? Teria sido preenchimento, botox, ou simplesmente a maquiagem errada. O fato é que ela fotografa de forma bizarra em Reencarnação. O filme também é muito estranho: a história de um garoto de dez anos que se aproxima de uma viúva prestes a se casar de novo, dizendo que é a reencarnação de seu marido. E lhe dá detalhes que não poderia saber. O filme foi realizado por um cineasta inglês, que fez o talentoso Sexy Beast e que prefere utilizar como fundo musical trechos de musica clássica, que funcionam menos bem do que se podia esperar.

Assim começa de forma curiosa acompanhando o marido fazendo Cooper no Central Park (ele vem de uma família extremamente rica da qual não se sabe muitos detalhes fora isso, provavelmente judeus). Até quando cai morto de enfarte. Dez anos depois Nicole é visitada pelo garoto, o que a primeiro faz rir e depois a deixa transtornada prejudicando o casamento que ela iria consumar com o noivo (feito por Danny Huston, filho de John Huston, também diretor e que pela primeira vez vi como ator aqui). Lauren Bacall de cara amarrada faz a mãe de Nicole sem grandes chances. O problema do filme primeiro é a escolha do garoto central, Cameron Bright que fez O Enviado com Robert DeNiro. Ele tem uma cara misteriosa, mas usa uma única expressão para todas as situações, o que acaba irritando. E atrapalhando a fita. O resto do elenco é bom, trazendo figuras conhecidas em papéis inesperados como Peter Stormare (o diabo de Constantine) e Anne Heche (como um casal de amigos que tem participação importante na história). Mas não estou certo que o desenlace irá agradar a todos, em particular o que esperam uma resolução mais Sexto sentido. O suspense tem um final lógico, mas que não vai agradar a todos. Incomoda particularmente o personagem de Nicole, que parece tão frágil e vulnerável.

Certamente ao final, Reencarnação irá provocar discussões. E nem todas favoráveis. (por Rubens Ewald Filho na coluna Cinemania de 22 de março de 2005)