Crítica sobre o filme "Kung-Fusão":

Rubens Ewald Filho
Kung-Fusão Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/01/2006
Quatro anos atrás o comediante Stephen Chow teve grande sucesso de bilheteria em quase todo o mundo com uma comédia muito divertida, mas tecnicamente um pouco precária chamada Shaolin Soccer. Era uma brincadeira sobre um time de futebol que usava suas habilidades em artes marciais com a ajuda, claro, de efeitos especiais e um clima meio chapliniano. Agora confirmou seu estrelato e sua posição como herdeiro de Jackie Chan, com este novo filme onde teve um orçamento muito mais generoso e uma total liberdade estilística. Aliás, se tornou o filme de Hong Kong que teve maior bilheteria em todos os tempos lá, desde justamente Shaolin Soccer.

Infelizmente ainda não é todo mundo que está familiarizado com o cinema chinês, sua maneira de ser, sua narrativa, seus elementos fantásticos e principalmente com seu particular senso de humor. Por isso, o filme pode espantar assim à primeira vista, principalmente no começo, quando parece ser chanchada demais. Algum problema com isso? Eu não tenho. Mesmo assim levei um tempo para entrar na história que se passa na Shanghai de 1940 (tudo rodado em estúdio de Shanghai, obviamente numas ruas que já conhecemos de outros filmes chineses). Basicamente é uma fantasia e Chow faz um anti-herói, que anda sempre com um colega gordo como parceiro, um Sancho Pança.

Quem está no poder é Gang do Machado e um jovem gangster quer entrar para ela. Mas sem querer, acaba despertando a fúria e a atenção de alguns mestres do Kung fu que estavam incógnitos e aposentados. Às vezes disfarçados como uma chata dona de pensão e seu marido mulherengo, como comerciante efeminado e assim por diante. Até que os bandidos cometem o erro de bulir com eles. Então sai tudo voando com a ajuda dos CGIs.

Sou fã total desse tipo de luta, que vem sempre temperada com uma mensagem moral positiva, com referências a figuras míticas penetrando nos limites da Fantasia. Espero que o título de gosto duvidoso, Kung-fusão , já motive a sucessão de lutas, pancadarias, quebra-quebras que se seguirão até quando Chow como Sing, descobrir como pode ser o Escolhido. Duas cenas apenas não foram dirigidas por Chow mas pelo especialista Summo Hung Kambo, a paródia em que os três mestres enfrentam milhares de homens de preto (ou ternos pretos) e outra na

O filme não chegou a fazer o sucesso esperado e merecido nos EUA e parece que não irá reverter aqui a onda de crise nos nossos cinemas. Minha sugestão para isso acontecer é simples: abaixem o preço dos ingressos que está muito caro. (Rubens Ewald filho na coluna Clássicos)