Crítica sobre o filme "Milton Nascimento – Acústico Na Suíça":

Robson Candêo
Milton Nascimento – Acústico Na Suíça Por Robson Candêo
| Data: 29/10/2003
Milton Nascimento é filho de Maria do Carmo Nascimento, mas foi adotado logo nos primeiros meses de vida pelo casal Josino Brito Campos e Lília Silva Campos. Nascido em 26 de outubro de 1942, no Rio de Janeiro, Milton fez o caminho inverso ao de João Bosco, ao adotar Minas Gerais como a terra de coração. A família trocou a Cidade Maravilhosa pela pacata Três Pontas quando Milton tinha apenas dois anos de idade.

A incursão de Milton na música começou aos quatro anos, quando ganhou de presente uma pequena sanfona de dois baixos. Mas a voz privilegiada para o canto ele só passaria a usar aos 13 anos, quando se tornou crooner, junto com o amigo e vizinho Wagner Tiso, num conjunto de baile local. Dois anos depois, organizou a própria banda, o Luar de Prata, também junto com Tiso. Ainda em Três Pontas, trabalhou em rádio, como DJ, locutor e diretor.

Em meados dos anos 60, montou outro grupo, os W’Boys, composto por Wagner (Tiso), Waltinho, Wilson e Wanderley. Para não destoar dos companheiros, passou a ser, provisoriamente, Wilton. Nesta época, um empresário que estava fundando uma gravadora em Belo Horizonte convidou os W’Boys para gravarem o compacto Dex Discos, que incluía a canção Barulho de Trem, composta por Milton.

Na capital mineira, Milton se estabeleceu, em princípio para prestar vestibular em economia. Ali conheceu também alguns de seus parceiros para toda a vida, casos de Fernando Brant e Lô Borges. Integrou um conjunto chamado Evolussamba e, em seguida, o Quarteto Sambacana, este liderado por Paulo Mascarenhas, outro parceiro que se tornaria importante.

Milton voltou para a cidade natal, o Rio de Janeiro, em 1965, e foi ali que sua carreira começou a decolar, especialmente com as participações nos festivais de música. Em 1966, a soberana Elis Regina gravou a música Canção do sal, letra composta por Milton. No ano seguinte, a canção Travessia, co-escrita com Fernando Brant, ficou em segundo lugar na segunda edição do Festival Internacional da Canção, da TV Globo – Milton, ainda, levou o prêmio de melhor intérprete.

Milton Nascimento iniciou sua carreira internacional em 1968, estimulado por Eumir Deodato, que o levou aos EUA, de onde saíram com o disco Courage, que incluiu a gravação em inglês de Travessia (Bridges). De volta ao país, emplacou duas trilhas sonoras, para os filmes Os Deuses e os Mortos, de Ruy Guerra, e Tostão, a Fera de Ouro, de Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender.

Ano importante na carreira de Milton é o de 1970, que foi quando o músico realizou o show Milton Nascimento e o Som Imaginário, no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro, que daria vazão, pouco depois, ao álbum Milton, trazendo aqueles que se tornariam seus mais célebres hits, como Para Lennon e McCartney. Estabeleceu, com os dois volumes de Clube da Esquina, a referência de toda uma geração de músicos mineiros, integrada pelos Borges (Lô e Márcio), mais Wagner Tiso, Beto Guedes, Toninho Horta e Nivaldo Ornellas, entre outros.

Em 1976, o mineiro por opção voltou aos EUA para lançar o álbum Milton, com várias interpretações em inglês de seus maiores sucessos. No Brasil, um disco muito festejado foi Sentinela – o primeiro pela gravadora Polygram –, lançado em 1980, que trazia a faixa Canção da América. No álbum subseqüente, Caçador de Mim, novo êxito, com canções que se tornariam imortais em seu repertório, especialmente Nos Bailes da Vida. Em 1983, fez um show em São Paulo, com a participação de Gal Costa, que deu origem ao LP Milton Nascimento Ao Vivo. Em 1990, doou parte dos valores de vendagem do disco Txai para entidades indígenas – por essas e outras iniciativas, seria premiado anos depois pela Rain Forest, entidade internacional voltada à proteção do meio ambiente.

Em 1996, apresentou em Nova York o show Amigos, acompanhado por um coro de meninos e pela Orquestra Filarmônica de Nova York – repetiria a dose em Londres, no Royal Albert Hall, com a Royal Phillharmonic Concert Orchestra. Dois anos depois, ganhou o mais glamouroso prêmio da música pop, o Grammy, na categoria World Music, pelo disco Nascimento, superando nomes festejados da música contemporânea, como a cabo-verdiana Cesaria Évora. Milton voltaria a concorrer pelo prêmio em 2002, pelo disco Gil & Milton, realizado em parceria com o atual Ministro da Cultura.

Em1999, Milton Nascimento realizou o show Crooner, revivendo o início de carreira dos idos anos 60, dos tempos de Automóvel Clube de Três Pontas. O espetáculo daria vida ao CD homônimo, que incluiu músicas tradicionais de baile, como Only You (Buck Ram e Ande Rande), e as que projetaram tanto ele quanto Wagner Tiso no início de carreira, casos de Lágrima Flor (Billy Blanco) e Lamento no Morro (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Por fim, revitalizando sua obra, Milton Nascimento lançou neste ano Pietá, num trabalho marcado pelos arranjos de Eumir Deodato e pela bela participação de Maria Rita, a talentosa filha de Elis Regina.

O show foi feito em um estúdio de TV. O lugar não é grande e a iluminação é bem simples.

Foram utilizadas cerca de 3 câmeras, com tomadas bem longas.

É um show bem acústico, com Milton tocando violão, acompanhado por Wagner Tiso no piano/teclado.

Milton tem ótima voz e os dois tocam muito bem.

Alguns sucessos do cantor estão no DVD, entre eles ‘Travessia’, ‘Para Lennon e McCartney’ e ‘Maria Maria. Mas boa parte das músicas não é muito conhecida pelo público em geral. De qualquer maneira são boas músicas.