Por Robson Candêo
| Data: 22/09/2003
Luciano Pavarotti é, ao lado de Plácido Domingo e José Carreras, o mais festejado tenor da segunda metade do século XX. Mesmo aproximando-se dos 70 anos de idade, Pavarotti dá mostras de ser um incansável pela busca de uma técnica cada vez mais refinada. Não é à toa que, em entrevistas, costuma dizer que quando vai interpretar uma nova récita, estuda cuidadosamente todos os tenores que cantaram aquela peça especÃfica, para só depois lhe imprimir o próprio estilo. Mais do que isso, ainda faz viagens esporádicas pelo mundo, depois de um tour de apresentações em estádios e em grandes ambientes, a partir do final dos anos 90, quando lutou para tentar tornar a música erudita menos erudita, no sentido de popularizar o público potencial deste gênero tido como sofisticado.
Em suma, são mais de 40 anos agradando audições de Modena a São Paulo, embora alguns crÃticos resistam à s apresentações mais recentes, de altos e baixos, conseqüência de um estômago maltratado por excesso de remédios tomados para sanar um problema na perna.
De famÃlia humilde, filho único de um padeiro, Pavarotti nasceu na cidade italiana de Modena, em 12 de outubro de 1935. Quando criança, a primeira paixão foi o futebol, para o qual sempre demonstrou talento e aptidão. Chegou, inclusive, a fazer parte do time local, sempre assumindo uma postura de liderança e carisma. O amor pela música veio em seguida, estimulado pelos discos de Enrico Caruso, Giovanni Martinelli e Beniamino Gigli, sempre presentes no ambiente do lar, graças à paixão do pai por canto lÃrico.
O debute na ópera aconteceu em abril de 1961, no Teatro de Reggio Emilia, quando Pavarotti interpretou Rodolfo de La Bohème. Na ocasião, foi visitado nos camarins por ninguém menos que Titto Schipa, talvez o maior nome da música erudita na época. Imediatamente, iniciou uma longa viagem pela Europa, proporcionando aos públicos de Amsterdã, Viena, Zurique, Barcelona, Londres e outras cidades os primeiros rascunhos do talento pelo qual seria reconhecido mundo afora, poucos anos depois.
A estréia em terreno americano aconteceu em fevereiro de 1965, numa produção em Miami de Lucia di Lammermoor, com a soprano Joan Sutherland, com quem estabeleceria, a partir de então, uma parceria histórica. As elogiadas apresentações de Pavarotti em San Francisco e em Nova York logo o promoveram como a maior promessa entre os tenores de sua geração. E a transformação da promessa em realidade teve data: 17 de fevereiro de 1972. A produção de La Fille du Regiment, no badalado Metropolitan, em Nova York, colocou Pavarotti definitivamente entre os maiorais da música erudita.
A persona midiática de Pavarotti, sempre presente em documentários, talk shows e programas diversos da TV mundial, ajudaram na popularização de seu nome e na própria divulgação da música lÃrica, arte esta invariavelmente associada a um público restrito. Em março de 1977, o tenor voltou a interpretar Rodolfo de La Bohème, numa apresentação transmitida ao vivo. O evento representou uma das maiores audiências da história da TV envolvendo um concerto de ópera.
Foi a partir dos anos 80 que Pavarotti começou a ser questionado por algumas vozes da crÃtica, esta influenciada, talvez, pelas declarações de uma soprano italiana, Renata Scotto, de que o compatriota era pouco entendido em música e, especialmente, em canto lÃrico. Em 1990, juntou-se a Plácido Domingo e José Carreras para o concerto Os Três Tenores, organizado pelo empresário Tibor Rudas. Era uma espécie de celebração pela recuperação de Carreras que, três anos antes, havia sofrido um transplante de medula, por causa de uma leucemia. O show viria, inclusive, ao Brasil, em julho de 2000, num megaevento realizado no estádio do Morumbi, em São Paulo, que custou cerca de R$ 3,5 milhões, na primeira apresentação do trio na América Latina.
Em 1993, Pavarotti deu inÃcio à série de concertos beneficentes anuais, intitulada Pavarotti & Friends, em Modena, sua cidade natal, sempre transmitidos para a TV italiana e alguns paÃses. O último, realizado em junho deste ano, reuniu Bono Vox (vocalista do U2), Ricky Martin, Queen, Eric Clapton, Andrea Boccelli e Liza Minelli, tendo arrecadado 2 milhões de euros. O dinheiro será utilizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para reintegrar cerca de 20 mil iraquianos que vivem exilados no Irã.
O DVD é composto de uma longa entrevista com o cantor e no meio vão sendo mostradas execuções completas de músicas de Pavarotti, todas ao vivo. Sucessos como La Donna é Móbile, O Sole Mio e Nessum Dorma são algumas dessas canções.
Todo o DVD está com as falas dubladas em inglês, o que pode ser bom para quem fala inglês, mas com certeza se estivesse com as vozes originais seria melhor.
No DVD Luciano fala sobre o que é ser tenor, sua primeira apresentação, seus personagens de ópera favoritos. Também aparecem depoimentos de seu professor de canto e de seu pai.
Ele conta diversos detalhes de sua vida e personalidade. Fala sobre a amizade, sobre Deus, seus músicos favoritos, sobre o prazer que tem em comer, etc...