Crítica sobre o filme "Sr. & Sra. Smith":

Rubens Ewald Filho
Sr. & Sra. Smith Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/11/2005
Que tal passar duas horas com duas das pessoas mais bonitas do mundo?

Não importa a história. Basta saber que a dupla Angelina Jolie e Brad Pitt, está no auge da forma, da fotogenia, do encanto, embalados num filme que custou quase 140 milhões de dólares. E pronto, qualquer um vai ter prazer em desfrutar tão seleta companhia. Mesmo que fique óbvio que os realizadores não tem a menor idéia de que história estão querendo contar.

De uma certa altura em diante, devem ter largado a mão e relaxado. Deixa pra lá, este é um antiquado “veiculo para duas estrelas†e o que importa é que elas estejam bonitas e charmosas, esqueçam a história previsível, inverossímil, inclusive amoral (afinal de contas, trata-se de um casal de assassinos profissionais que a gente supostamente tem que gostar e torcer). Há muitas histórias sobre a produção deste filme: que foi interrompido para Brad completar Doze Homens e Outro Segredo, depois conflitos abertos com o diretor Doug Liman (A Identidade Bourne), que foi acusado de não saber o que queria. Tudo isso acaba inflando o filme para expectativas que ele nunca pretendeu cumprir. É apenas um passatempo de luxo, com uma história já muito conhecida (já feita várias vezes antes, mas notadamente em A Honra do Poderoso Prizzi de John Huston, em que Kathleen Turner e Jack Nicholson também eram assassinos profissionais a serviço, no caso, da Máfia, que são casados e descobrem a profissão do parceiro só quando são indicados para se matarem mutuamente). E já temos aí o resumo da história. A dupla se conhece em Bogotá, e cinco ou seis anos depois (piada da fita) eles estão casados e em crise (a história toda é contada com a dupla falando para um psiquiatra / conselheiro matrimonial, de quem não vemos o rosto). Depois de 40 minutos de conversa fiada, finalmente descobrem as respectivas profissões e aí procuram realmente se matar (embora se gostem). Curiosamente o filme, quase não tem coadjuvantes. Angelina tem uma equipe de anônimas ajudantes, Brad tem um parceiro (Vince Vaughn, que encontrou seu espaço no papel do chato), a vítima que provoca tudo é o rapazinho (Brody) de “The O.C.†(aliás, Liman também é o produtor da série e dirigiu episódios). Mas ninguém tem nada a fazer, porque o filme é inteiramente em cima do casal. Brad consegue ficar casual e relaxado, consciente de que o filme é de Angelina (Nicole Kidman é quem ia fazer o papel originalmente), que nunca esteve tão bonita e atraente. Embora me pareça frágil demais para tanto tiroteio, perseguições e confusão.

De qualquer forma, o filme é bastante divertido e agradável de assistir. Dá para passar um sábado à noite no cinema com o casal. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 5 de agosto de 2005)