O Bar Luva Dourada

Um serial killer chamado Fritz Honka (Jonas Dassler) ataca prostitutas num bairro boemio de Hamburgo nos anos 70

01/06/2020 14:26 Por Felipe Brida
O Bar Luva Dourada

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O Bar Luva Dourada (Der Goldene Handschuh). Alemanha/França, 2019, 115 minutos. Drama/Terror. Colorido. Dirigido por Fatih Akin. Distribuição: Imovision

A distribuidora com foco em fitas cult Imovision lançou uma campanha na internet no início do mês que mobilizou os colecionadores do Brasil todo: aproveitando o reaquecimento do mercado de DVDs no país, a partir de agora ela relançará filmes que estavam fora de catálogo e também trará em DVD fitas premiadas recém-exibidas nos cinemas. A primeira remessa com novos títulos contém “O paraíso deve ser aqui” (2019), “Encontros” (2019) e o polêmico “O bar Luva Dourada” (2019).

A partir de uma horrenda história real, esse filme de drama com toques de horror, já aviso, é forte, com cenas chocantes de esquartejamento de mulheres, que causou mal-estar no Festival de Berlim, onde foi indicado ao Urso de Ouro no ano passado.

No centro da cena está o sádico serial killer Fritz Honka (1935-1998), que aterrorizou Hamburgo no início dos anos 70. Ele frequentava um bar, “Luva Dourada”, próximo ao distrito da luz vermelha, que reunia a escória da cidade, como bêbados doentes e prostitutas velhas (sua obsessão). Convidava essas mulheres para seu apartamento miúdo, um lugar sujo, onde, com ou sem sexo, as matava com crueldade, cortando-as em pedacinhos com uma serra. Partes dos corpos ele armazenava em casa, num compartimento na cozinha, outros eram espalhados por terrenos baldios vizinhos. Em quatro anos Honka matou pelo menos quatro vítimas – mas a polícia acreditava em mais de 10.

É deprimente ver as cenas de assassinato, o grau de insanidade e loucura que atingia aquele homem (ele era misógino, alcoólatra, deformado, com temperamento explosivo), e a quantidade de gente decrépita que o cercava. Há uma ou duas tramas paralelas menores, mas a gente até esquece delas, pois marcante mesmo é o serial killer em ação (novamente reforço, as sequências de morte podem impressionar).

A ambientação, por meio de cenários, segundo mostra o making of que tem no DVD, ficou idêntica à Hamburgo suja dos anos 70, num trabalho meticuloso de construção de cena. Outro ponto alto é a maquiagem: o bonito ator alemão Jonas Dassler, de apenas 23 anos, passou por um processo rigoroso de makeup (que devia ter sido indicada ao Oscar) para envelhecer quase duas décadas (na época do filme o assassino teria por volta de 38 anos) – para assemelhar-se ao real Honka precisou de lentes de contato para deixá-lo estrábico, além de um nariz postiço torto e dentes podres.

Um filme violento, pra baixo, para público específico, um genuíno estudo de misoginia e perversidade sob a estética do horror.

É mais um trabalho de impacto do cineasta alemão Fatih Akin, nascido em Hamburgo, o mesmo de “Em pedaços” (que tratava de terrorismo). Produção original da Warner Bros, com distribuição da Pathé, lá fora, aqui no Brasil está sob os direitos da Imovision.

 

 

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Sobre o Colunista:

Felipe Brida

Felipe Brida

Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com

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